Sir Winston Leonard Spencer Churchill(1874-1965) foi um historiador, jornalista, político e (por que não?) herói nacional britânico. Conhecido pela sua atuação na Segunda Guerra Mundial como primeiro-ministro britânico, foi um dos principais responsáveis pela oposição a Alemanha Nazista e a resistência inglesa aos ataques germânicos, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura por suas contribuições ao conhecimento histórico sobre a época da Guerra. O livro que se segue é um apanhado de seus discursos, editados por seu filho, para eliminar qualquer oralidade, mas mantendo o conteúdo original.
Esse livro me foi presenteado pelo Djan(o Andarilho primordial deste blog). Na época, com meus conhecimentos praticamente nulos, a leitura se mostrou simplesmente vazia, estava pisando em terreno desconhecido. Diferentemente de um livro de divulgação histórica propiamente dita, este livro não dá bases, digamos, ''didáticas" para o leitor, o que faz com que ganhe ainda mais importância como representação histórica da sua época por mostrar as reações e medidas inglesas. Seja apelando para a Casa dos Comuns(a parte mais ativa do Parlamento britânico) para a criação do Ministério do Armamento Bélico ou outras metidas tendo em vista a expansão militar inglesa em resposta a beligerância alemã, seja convocando a juventude inglesa em Cambridge, fazendo transmissões por rádio internacionais para a França, Estados Unidos e Itália para reforçar sua simpatia aos primeiros e sua decepção, essa obra nos apresenta um retrato da época, pintado pela famosa capacidade de Churchill como orador e mobilizador de massas.
Porém, mas do que discorrer sobre a importância documental, queria tocar um pouco no conteúdo dessa série de discursos. Churchill se destacou por ser um dos primeiros a encarar o nazismo como o maior inimigo ideológico da Europa Ocidental da época(impressionante para um parlamentar conservador, já que as políticas facistas eram uma resposta da direita a expansão do comunismo) referindo-se a ele como um atraso por negar os valores da democracia, também mostra seu apoio a URSS que se sintetiza na famosa frase(não presente no livro)"Se Hitler invadisse o inferno, ao menos eu faria um comentário favorável ao diabo na Casa dos Comuns" e declara que o pacifismo defendido por Chamberlain(na época, primeiro ministro) culminaria na desgraças das pequenas nações vizinhas da Alemanha.
Mesmo ele sendo considerando um dos heróis universais do conservadorismo pela sua defesa da democracia e dos valores conservadores(como a moral cristã, por exemplo) esse bonito discurso fica um pouco cínico, se levar em conta as medidas extremas no sentido militar, como a obrigação de qualquer espécie de indústria inglesa em fabricar material bélico e o seu plano de lançar gás venenoso na Alemanha.
Trecho do livro:
"O pavor da crítica é o ponto mais vunerável das ditaduras nazista e bolchevista. Impõe-se o sinlênco a todas as vozes, com a ameaça dos campos de concentração, dos espancamentos, dos fuzilamentos em massa. E, assim, os detetores do poder muitas vêzes só tem conhecimento dos fatos que lhes são agradáveis. Escândalos, corrupção e deficiências ficam na obscuridade, porque não há vozes independentes que os denunciem, e continuam a proliferar por trás da fachada pomposa do Estado. Os dirigentes, por mais energéticos e poderosos que sejam, têm os ouvidos fechados e as mãos atadas. Não vem o caminho sob seus pés e marcham na escuridão do desconhecido e do incompreensível. Entre outras coisas, esta guerra vai demonstrar se, nos tempos modernos, a fôrça plena das nações pode ser canalizada para a guerra, sob sistemas totalitários baseados numa GPU ou numa Gestapo. O que pudemos observar do esfôrço russo, em oposição ao heroísmo finlandês, vem certamente trazer às democracias e aos Parlamentos inglês e francês uma nova confiança nos resultados da sua própria luta contra o despotismo nazista."
2 Recados:
Sangue, suor e lágrimas é uma das obras mais importantes de nossa era, não tanto pela compilação dos discursos em si, mas pelas questões que levanta, tão atuais hoje como no período pré guerra, ainda hoje muitos clamam para que se trate psicopatas com diplomacia. Felizmente temos Churchill para nos lembrar que os loucos são detidos pela força e não pela palavra.
Mas por acaso Churchill não tratou um psicopata como Stalin com diplomacia também?
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