Lev Nikoláievich Tolstói(1828-1910) foi um escritor russo. Sendo colocado como um dos maiores autores russos de sua época(o que não é pouca coisa, por ser contemporâneo a Dostoievski e Tchekov) e um dos grandes autores da literatura universal. Também é bem conhecido o seu papel como fundador do tolstoismo, espécie de filosofia de vida baseada no ascetismo, o que lhe valeu um fã e correspondente célebre como Gandhi e a adoração de vários camponeses, dado ao seu estilo de vida simples e pela implantação de medidas liberais no trato de suas terras. Também teve muito contato com autores anarquistas, como Proudhon, o que, mesmo ele o contradizendo, com certeza teve uma forte influência na sua obra.
Uma das características mais conhecidas na sua obra-prima(tratada neste post) é o seu tamanho, aproximadamente, variando de edição para edição, 1500 páginas. A história é focada em 3 personagens principais, aristocratas russos, na época das guerras napoleônicas. Pedro Bezukov, jovem herdeiro de uma colossal herança é ingênuo e bondoso, porém muito suscetível aos vícios. No decorrer da história, se envolve com várias correntes intelectuais ou seitas(como a Franco-Maçonaria). Já seu melhor amigo, André Bolkonski, se apresenta como um homem prático e racional que alterna entre o desprezo e a exaltação da vida pública, seja no exército ou na alta-sociedade moscovita e petersburguesa, e da vida privada. Por último há ainda Nicolau Rostov, membro de uma família nobre de Moscou quase falida e a quem é dada a tarefa de reerguer essa família, apesar do seu desejo de continuar na divisão dos hussardos, corpo de cavalaria do Exército russo.
O que coloca Guerra e Paz num papel de destaque na literatura mundial é algo muito simples: ele nos mostra um grande painel do povo russo, além da Europa na época. Mas o que é interessantíssimo e o que consolida como parte do cânone literário é, ironicamente, a individualidade. Com uma grande gama de personagens, que alguns literatos remontam aos 500, ele nos mostra toda generalização, cada matiz e cada exceção do povo russo e mesmo da Humanidade. Além dos fatos acima, que já constituem uma obra colossal, está uma característica muito controvertida do autor(contudo é essencial no contexto do livro):a crítica frequente aos historiadores por estudar os atos dos ditos "grandes homens"ou os fatos de maneira rígida e focada demais, desconsiderando a motivação dos grandes atos e revoluções. Algo mais fácil de se colocar quando analisados por um dos eventos mais cativante, controvertido e próprio do gênero humano: a guerra.
Trecho do livro:
"Dois sentimentos igualmente fortes arrastavam Pedro ao cumprimento daquele objetivo: o primeiro era a necessidade de se sacrificar e de sofrer que nele despertara a desgraça que atingia a todos. E esse mesmo sentimento que o impelira no dia 25, até Mojaiski, arrastando-o para o fragor da batalha, levava-o agora a abandonar o palácio, o luxo a que estava habituado e o bem-estar que o rodeava, para viver assim, dormindo vestido e comendo o que comia Guerassime. O segundo era esse sentimento insensato e intrinsecamente russo que o levava a despreza tudo quanto fosse fictício e convencional, tudo isso que a maioria das pessoas considera a melhor coisa do mundo. A primeira vez que esse sentimento se revelara a ele fora no Palácio Slohodski, e apossara-se dele uma embriaguez estranha ao compreender, de súbito , que a riqueza, o poderio, a própria vida, tudo que o homem preserva e guarda cautelosamente, não têm o mínimo valor além da satisfação que dão àquele que dispõe da coragem de renunciar a isso mesmo. Era um sentimento semelhante àquele que leva o recruta a beber, beber até se esgotar o dinheiro, e o bêbado, a quebrar vidros e espelhos sem razão, sabendo que terá de pagá-los, um sentimento igual ao do homem que pratica ações que o senso comum qualifica de loucas, embora em verdade sejam a revelação de uma visão superior e quase sobre-humana das coisas da vida."
Uma das características mais conhecidas na sua obra-prima(tratada neste post) é o seu tamanho, aproximadamente, variando de edição para edição, 1500 páginas. A história é focada em 3 personagens principais, aristocratas russos, na época das guerras napoleônicas. Pedro Bezukov, jovem herdeiro de uma colossal herança é ingênuo e bondoso, porém muito suscetível aos vícios. No decorrer da história, se envolve com várias correntes intelectuais ou seitas(como a Franco-Maçonaria). Já seu melhor amigo, André Bolkonski, se apresenta como um homem prático e racional que alterna entre o desprezo e a exaltação da vida pública, seja no exército ou na alta-sociedade moscovita e petersburguesa, e da vida privada. Por último há ainda Nicolau Rostov, membro de uma família nobre de Moscou quase falida e a quem é dada a tarefa de reerguer essa família, apesar do seu desejo de continuar na divisão dos hussardos, corpo de cavalaria do Exército russo.
O que coloca Guerra e Paz num papel de destaque na literatura mundial é algo muito simples: ele nos mostra um grande painel do povo russo, além da Europa na época. Mas o que é interessantíssimo e o que consolida como parte do cânone literário é, ironicamente, a individualidade. Com uma grande gama de personagens, que alguns literatos remontam aos 500, ele nos mostra toda generalização, cada matiz e cada exceção do povo russo e mesmo da Humanidade. Além dos fatos acima, que já constituem uma obra colossal, está uma característica muito controvertida do autor(contudo é essencial no contexto do livro):a crítica frequente aos historiadores por estudar os atos dos ditos "grandes homens"ou os fatos de maneira rígida e focada demais, desconsiderando a motivação dos grandes atos e revoluções. Algo mais fácil de se colocar quando analisados por um dos eventos mais cativante, controvertido e próprio do gênero humano: a guerra.
Trecho do livro:
"Dois sentimentos igualmente fortes arrastavam Pedro ao cumprimento daquele objetivo: o primeiro era a necessidade de se sacrificar e de sofrer que nele despertara a desgraça que atingia a todos. E esse mesmo sentimento que o impelira no dia 25, até Mojaiski, arrastando-o para o fragor da batalha, levava-o agora a abandonar o palácio, o luxo a que estava habituado e o bem-estar que o rodeava, para viver assim, dormindo vestido e comendo o que comia Guerassime. O segundo era esse sentimento insensato e intrinsecamente russo que o levava a despreza tudo quanto fosse fictício e convencional, tudo isso que a maioria das pessoas considera a melhor coisa do mundo. A primeira vez que esse sentimento se revelara a ele fora no Palácio Slohodski, e apossara-se dele uma embriaguez estranha ao compreender, de súbito , que a riqueza, o poderio, a própria vida, tudo que o homem preserva e guarda cautelosamente, não têm o mínimo valor além da satisfação que dão àquele que dispõe da coragem de renunciar a isso mesmo. Era um sentimento semelhante àquele que leva o recruta a beber, beber até se esgotar o dinheiro, e o bêbado, a quebrar vidros e espelhos sem razão, sabendo que terá de pagá-los, um sentimento igual ao do homem que pratica ações que o senso comum qualifica de loucas, embora em verdade sejam a revelação de uma visão superior e quase sobre-humana das coisas da vida."
1 Recados:
Nunca consegui terminar, Guerra e paz é sem dúvida meu grande fracasso como leitor dos clássicos.
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