Escrita em 1966 por Plínio Marcos “Dois perdidos numa noite suja” é uma das obras mais montadas do dramaturgo, tendo inclusive duas adaptações cinematográficas (uma dirigida por Braz Chediak em 1970 e outra de 2002, dirigida por José Joffily). Encenado em vários países, o texto é indiscutivelmente um dos clássicos do teatro brasileiro.
Em cartaz no teatro Vanucci (Shopping da Gávea) desde o dia 17 de janeiro de 2010, a atual montagem estreou em abril de 2008 em Lisboa e já passou por 50 cidades brasileiras. Com direção de Silvio Guindane, o elenco é composto por André Gonçalves (no papel de Paco) e Freddy Ribeiro (como Tonho).
Passada no quarto de uma hospedaria onde os carregadores Paco e Tonho - marginalizados pela sociedade - discutem suas vidas numa história que nos permite refletir sobre a eterna luta do ser humano para se sobrepor ao outro. O texto expõe as vidas em estado bruto; sem lapidações, de forma crua.
Um dos grandes trunfos do texto de “Dois perdidos” é mostrar personagens que carregam as características expressivas da parcela da camada social na qual eles estão inseridos, sem qualquer distorção que a moral possa fazer. É exatamente no sentido oposto que caminha a interpretação de André Gonçalves: O ator dotado de múltiplos recursos vocais e corporais, acaba fazendo um Paco caricato, indefinido e por vezes até infantilóide; mas que cria empatia com público fazendo graça e diluindo a tensão do drama. Freddy Ribeiro nos oferece um Tonho desprovido de qualquer tipo de nuance nas primeiras cenas; porém ao longo da peça acaba encontrando a força de seu personagem e construindo um tipo interessante.
Passada no quarto de uma hospedaria onde os carregadores Paco e Tonho - marginalizados pela sociedade - discutem suas vidas numa história que nos permite refletir sobre a eterna luta do ser humano para se sobrepor ao outro. O texto expõe as vidas em estado bruto; sem lapidações, de forma crua.
Um dos grandes trunfos do texto de “Dois perdidos” é mostrar personagens que carregam as características expressivas da parcela da camada social na qual eles estão inseridos, sem qualquer distorção que a moral possa fazer. É exatamente no sentido oposto que caminha a interpretação de André Gonçalves: O ator dotado de múltiplos recursos vocais e corporais, acaba fazendo um Paco caricato, indefinido e por vezes até infantilóide; mas que cria empatia com público fazendo graça e diluindo a tensão do drama. Freddy Ribeiro nos oferece um Tonho desprovido de qualquer tipo de nuance nas primeiras cenas; porém ao longo da peça acaba encontrando a força de seu personagem e construindo um tipo interessante.
A direção de Silvio Guindane - que em alguns momentos consegue cenas plasticamente interessantes - é irregular. As transições não são muito bem resolvidas, e a peça acaba não adquirindo a pulsação que o texto exige. É impossível não notar os intermináveis segundos em que absolutamente nada acontece no palco na mutação do primeiro para o segundo ato. A trilha sonora (também assinada por Guindane) muitas vezes conflita com as cenas, pontuando-as de forma inadequada.
A luz de Nuno Martins é deficiente. Em muitos momentos os atores acabam ficando na penumbra; as mutações e efeitos são inseridos sem qualquer critério e na maior parte do tempo não há coerência na “criação das atmosferas”. A ressalva fica por conta de alguns corretos efeitos que ela exerce sobre o cenário.
“Dois perdidos numa noite suja” é um drama que expõe as mais profundas feridas humanas - adquiridas no convívio em sociedade - não cicatrizadas. Um texto marcante que independente da época em que venha ser montado, será sempre atual.
Ficha Técnica
Texto: Plínio Marcos Elenco: André Gonçalves e Freddy Ribeiro
Direção: Silvio GuindaneAssistência de Direção: Tatiana Refener
Cenografia: Silvio Guindane
Figurino: Tatiana Refener
Iluminação: Nuno Martins
Op. Luz: Manoel Augusto
Op. Som: Rodrigo Bassin
Direção de Produção: Marco Antonio Almeida
Fotografias: Lázaro Botelho
Trilha Sonora: Silvio Guindane
Horários
Domingos às 21:30hSegundas às 21h
Duração: 60min
Ingressos:
Domingo R$ 60,00 (sessenta reais)
Segunda R$ 50,00 (Cinquenta reais)
2 Recados:
O Jonas criticando me dá medo...
Eu acho esse texto fantástico, já até assisti uma das adaptações para cinema(a que tem o Roberto Bomtempo e a Débora Fallabella) mas ainda não assisti nenhuma montagem no teatro.
Se estiver tão meia-boca quanto ele estiver falando então pelo visto eu vou ter que esperar um pouquinho mais pra ver então...
Po, tem críticos que pegam muito mais pesado por aí... Longe de mim querer tomar o lugar deles (ou dela, a mais cruel e temida de todos) Hahahahhaha! Na verdade a ideia não é detonar ninguém, mas sim comentar os pontos que mais se destacaram (positiva ou negativamente); e dar uns toques para eventuais coisas que possam ter passado despercebidas tanto pelos realizadores quanto pelo público. Se você já leu o texto, vale a pena assistir... até pra poder ter essa outra visão que eles deram à peça. Quem nunca teve contato com esse texto com certeza vai gostar muito mais da peça, pq vai chegar lá sem nenhum referencial. A peça tem falhas técnicas sim, mas o importante é que não está chata... tem alguns momentos até bem divertidos. sempre lembrando que isso não é um veredito sobre o espetáculo, mas sim a Opinião de um pessoa (que nunca é 100% imparcial) sobre a exibição feita em um dia específico. Cada um vê a coisa de uma forma diferente. Vale a pena conferir, nem que seja pra concordar ou discordar da crítica ( e em 90% dos casos as pessoas certamente irão discordar).
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