Como é de conhecimento de todos (ou quase) o rei Mídas, o tolo soberano de Frigia, ao ter a oportunidade de pedir o que quisesse a Dionísio (o deus) foi tomado de tamanha ganância que fez um dos pedidos mais imbecis possíveis, o que o sarcástico deus concedeu sem titubear, daquele momento em diante tudo que ele tocasse viraria ouro, bem o desenrolar da história é previsível, o néscio monarca não podia nada comer ou beber, taças viravam ouro imediatamente, etc.
O irônico é que hoje me vejo com uma espécie de Midas, não transformo tudo em ouro, mas posso transformar muitos sorrisos e esperanças que toco em lágrimas duras e ácidas. Não faço por esporte, ou por nenhum tipo de gozo, mas faço pela mesma ganância estúpida, cegueira egoísta do mítico governante.
Mídas nunca aprendeu, e acabou sofrendo as conseqüências. Por vez desejo ter fim semelhante.
Agora Fernando Pessoa
Deve chamar-se tristeza
Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.
Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a Ter.
Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.
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