Dance, Dance, Dance do autor japonês Haruki Murakami. Essa obra é uma continuação de Caçando Carneiros, contudo há citação de todas as partes significantes do enredo para o desenvolvimento da continuação, o que torna desnecessário ler o livro anterior, que mesmo assim eu recomendo, pois é muito bom também, mas compararei os dois mais para frente. O livro é ambientado no Japão contemporâneo e mostra a busca do personagem-narrador por um objetivo de vida. O autor mescla diversos elementos do zen-budismo, corrente ideológica muito forte na sociedade japonesa, com elementos de nonsense para ilustrar a frívola e altamente irracional sociedade de capitalismo selvagem onde as pessoas, serviços e produto estão numa relação de consumismo impensado.
É uma abordagem bastante comum na literatura recente(acho que todos ouviram falar de Admirável Mundo Novo), mas que ganha seus toques de peculiaridade e beleza nas palavras de Murakami, pois sua obra, pelos menos, quanto aos livros que li, mostra que, em uma sociedade onde a cada vez mais a idéia de massificação, certas pessoas fogem ao padrão, que ele apresenta como algo ilógico, como o homem-carneiro, Kiki e May, duas prostitutas de luxo, Gotanda, uma estrela do cinema cansado de sempre desempenhar papéis e nunca representar ele mesmo, Yuki, uma garota com alto grau de sensibilidade e o próprio protagonista, que não se realiza com seu trabalho como redator free-lancer agindo como, nas palavras do autor, limpa-neve cultural, tem relacionamentos frustrados e não aspira a idéias comuns na vida urbana, como ascensão social, compra de produtos de lazer, etc. Todo esse enredo com várias referências musicais ao rock da década de 60, sendo o título derivado de uma música dos Beach Boys. Em resumo, o livro é interessantíssimo, o mais abrangente que li nesse contexto de crítica a sistematização do pensamento humano influenciado pela globalização econômica e a cultura de massas. Um ponto onde ele peca, a meu ver, foi na perda da subjetividade do Caçando Carneiros, que era um livro muito mais... impessoal, visto que os personagens não tinham nem mesmo nome. Essa objetividade em comparação com o anterior dá o livro um aspecto mais crítico do que literário, pelo menos ao meu ver.
1 Recados:
As vezes acho q te inspiro para certas coisas!Será muita pretensão?
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