Drogas: perigosa tolerância
Publicada em 28/09/2007 às 12h27m
Por Milton Corrêa da Costa
Não resta nenhuma dúvida que a pura e simples repressão ao tráfico, ainda que absolutamente necessária, traz efeitos devastadores para toda a sociedade. É óbvio também que, em razão da complexidade do tema, há que se respeitar qualquer opinião que vise rediscutir a matéria, mormente quando o já consagrado ator Wagner Moura, corajosamente, traz à baila a polêmica questão sobre a legalização do uso de drogas. Não custa lembrar que a lei brasileira não pune mais hoje o dependente de droga ilícita ou o simples usuário com o recolhimento ao cárcere, devendo estes, na flagrância do porte ou consumo, serem apresentados ao juizado competente, para decisão de encaminhamento a centros de tratamento e recuperação. Inegável avanço, ainda que se tenha arrefecido quanto ao caráter intimidativo e necessário de toda norma proibitiva.
No entanto, oponho-me convictamente contra a liberação do uso de drogas, não bastassem já os altos impostos que todos pagamos com o tratamento de vítimas do alcoolismo e do tabagismo no Brasil. Que ninguém se iluda: o primeiro efeito da legalização da droga seria o aumento imediato do consumo com a queda do preço e a extinção do estigma social. Pois ninguém precisaria esconder-se para fumar um baseado, até no horário de recreio nos colégios e universidades. Como reagiria um pai ao ver seu filho declarar que daria um pulo na esquina para comprar um saquinho de maconha na farmácia e depois sairia com os amigos na condução do carro? O que pensar de um piloto de avião, ainda que um simples usuário, que resolvesse fumar maconha momentos antes da decolagem?
Um outro ponto importante na discussão do tema diz respeito ao possível aumento da violência no trânsito com a liberação da droga. Num país onde, em média, uma pessoa morre a cada quinze minutos no trânsito, é preciso todo o cuidado na análise do tema. O uso da maconha, por exemplo, tal e qual o álcool (droga lícita), afeta diretamente o cérebro, onde são processadas as informações necessárias para a condução de um veículo, retardando a atitude do motorista ante os obstáculos que se apresentam na via.
Um estudo apresentado num congresso médico na França, em 2005, mostrou que cerca de 40% das pessoas, com menos de 30 anos, que morreram em acidentes rodoviários naquele país, entre 2001 e 2004, dirigiam sob o efeito de maconha. Entre os mortos ao volante que haviam fumado a droga - cerca de 800 pessoas por ano - quase ¾ o fizeram uma hora antes do acidente. Há que se considerar ainda que hoje o princípio ativo da "cannabis sativa", o tetra-hidrocanabinol, é mais potente, trazendo seríssimos danos ao sistema nervoso central, dando causa à chamada síndrome amotivacional.
Legalizar a droga significa escancarar, ainda mais, a perigosa porta de entrada para o caminho da destruição por onde ingressarão mais e mais jovens. Temos o dever, pois, de zelar pela criação de uma juventude sadia onde os valores de positividade se reflitam. O resultado de tal permissividade na Holanda não foi dos mais promissores. Cerca de 5 mil dos 25 mil dependentes, lá existentes, são responsáveis pela metade dos crimes leves. O consumo da maconha subiu 400% em razão da liberação.
Uma outra experiência negativa com relação à tolerância ao uso de drogas se deu na Inglaterra, em 2001. O comandante da polícia do Distrito de Lambeth decidiu que no bairro de Brixton, uma localidade pobre de Londres, com o intuito de liberar agentes para combater crimes mais graves, os usuários de maconha seriam apenas advertidos e, no máximo, teriam a droga apreendida. Um ano depois, o teste foi interrompido. Brixton se tornou um centro de drogados, com uma legião de letárgicos sem rumo. A maioria dos habitantes de lá detestou o convívio com os maconheiros nas vias públicas. Os acidentes de trânsito também cresceram.
Como se vê, diante de experiências tão negativas, liberar o uso da droga significa pois correr o risco de uma perigosa tolerância onde, certamente, a emenda seria pior que o soneto. Tudo deve ser feito, portanto, para frear o avanço das drogas, incutindo inclusive no usuário, que clama por paz, que ele é de fato um incentivador da violência do tráfico que atormenta a sociedade. O falso prazer e o "mundo colorido", oferecidos pela drogas, devem ser substituídos pelo mundo real apregoado pelo incentivo aos estudos, ao trabalho, ao lazer, à prática esportiva, à religião e à cidadania consciente, verdadeiros pilares da liberdade, da paz e do equilíbrio humano.
Drogas não agregam valores nem desenvolvem talentos. A melhor estratégia de prevenção começa no seio familiar onde deve existir a abertura para o diálogo franco, claro e objetivo com os filhos. Se o jovem conhecesse os males da droga, antes do uso, certamente que não a usaria.
Milton Corrêa da Costa é Coronel da PMERJ na reserva
Publicada em 28/09/2007 às 12h27m
Por Milton Corrêa da Costa
Não resta nenhuma dúvida que a pura e simples repressão ao tráfico, ainda que absolutamente necessária, traz efeitos devastadores para toda a sociedade. É óbvio também que, em razão da complexidade do tema, há que se respeitar qualquer opinião que vise rediscutir a matéria, mormente quando o já consagrado ator Wagner Moura, corajosamente, traz à baila a polêmica questão sobre a legalização do uso de drogas. Não custa lembrar que a lei brasileira não pune mais hoje o dependente de droga ilícita ou o simples usuário com o recolhimento ao cárcere, devendo estes, na flagrância do porte ou consumo, serem apresentados ao juizado competente, para decisão de encaminhamento a centros de tratamento e recuperação. Inegável avanço, ainda que se tenha arrefecido quanto ao caráter intimidativo e necessário de toda norma proibitiva.
No entanto, oponho-me convictamente contra a liberação do uso de drogas, não bastassem já os altos impostos que todos pagamos com o tratamento de vítimas do alcoolismo e do tabagismo no Brasil. Que ninguém se iluda: o primeiro efeito da legalização da droga seria o aumento imediato do consumo com a queda do preço e a extinção do estigma social. Pois ninguém precisaria esconder-se para fumar um baseado, até no horário de recreio nos colégios e universidades. Como reagiria um pai ao ver seu filho declarar que daria um pulo na esquina para comprar um saquinho de maconha na farmácia e depois sairia com os amigos na condução do carro? O que pensar de um piloto de avião, ainda que um simples usuário, que resolvesse fumar maconha momentos antes da decolagem?
Um outro ponto importante na discussão do tema diz respeito ao possível aumento da violência no trânsito com a liberação da droga. Num país onde, em média, uma pessoa morre a cada quinze minutos no trânsito, é preciso todo o cuidado na análise do tema. O uso da maconha, por exemplo, tal e qual o álcool (droga lícita), afeta diretamente o cérebro, onde são processadas as informações necessárias para a condução de um veículo, retardando a atitude do motorista ante os obstáculos que se apresentam na via.
Um estudo apresentado num congresso médico na França, em 2005, mostrou que cerca de 40% das pessoas, com menos de 30 anos, que morreram em acidentes rodoviários naquele país, entre 2001 e 2004, dirigiam sob o efeito de maconha. Entre os mortos ao volante que haviam fumado a droga - cerca de 800 pessoas por ano - quase ¾ o fizeram uma hora antes do acidente. Há que se considerar ainda que hoje o princípio ativo da "cannabis sativa", o tetra-hidrocanabinol, é mais potente, trazendo seríssimos danos ao sistema nervoso central, dando causa à chamada síndrome amotivacional.
Legalizar a droga significa escancarar, ainda mais, a perigosa porta de entrada para o caminho da destruição por onde ingressarão mais e mais jovens. Temos o dever, pois, de zelar pela criação de uma juventude sadia onde os valores de positividade se reflitam. O resultado de tal permissividade na Holanda não foi dos mais promissores. Cerca de 5 mil dos 25 mil dependentes, lá existentes, são responsáveis pela metade dos crimes leves. O consumo da maconha subiu 400% em razão da liberação.
Uma outra experiência negativa com relação à tolerância ao uso de drogas se deu na Inglaterra, em 2001. O comandante da polícia do Distrito de Lambeth decidiu que no bairro de Brixton, uma localidade pobre de Londres, com o intuito de liberar agentes para combater crimes mais graves, os usuários de maconha seriam apenas advertidos e, no máximo, teriam a droga apreendida. Um ano depois, o teste foi interrompido. Brixton se tornou um centro de drogados, com uma legião de letárgicos sem rumo. A maioria dos habitantes de lá detestou o convívio com os maconheiros nas vias públicas. Os acidentes de trânsito também cresceram.
Como se vê, diante de experiências tão negativas, liberar o uso da droga significa pois correr o risco de uma perigosa tolerância onde, certamente, a emenda seria pior que o soneto. Tudo deve ser feito, portanto, para frear o avanço das drogas, incutindo inclusive no usuário, que clama por paz, que ele é de fato um incentivador da violência do tráfico que atormenta a sociedade. O falso prazer e o "mundo colorido", oferecidos pela drogas, devem ser substituídos pelo mundo real apregoado pelo incentivo aos estudos, ao trabalho, ao lazer, à prática esportiva, à religião e à cidadania consciente, verdadeiros pilares da liberdade, da paz e do equilíbrio humano.
Drogas não agregam valores nem desenvolvem talentos. A melhor estratégia de prevenção começa no seio familiar onde deve existir a abertura para o diálogo franco, claro e objetivo com os filhos. Se o jovem conhecesse os males da droga, antes do uso, certamente que não a usaria.
Milton Corrêa da Costa é Coronel da PMERJ na reserva
4 Recados:
Amigo têm que liberar, depois que a criança cresce vc não pode proibí la de riscar o fósforo p não provocar incêncio entendeu?? A sociedade precisa evoluir, se não fica bandido ganhando dinheiro com o fogo, e os políticos botando a polícia p/ prendê los, e a sociedade (consumidora e a não consumidora) no meio dos tiros. O que têm que acabar é a corrupção.
Só resta o problema dos que vão "comprar os guinchos??!"
O que vc não percebeu ainda é que quem ganha na verdade com isso é todo o sistema corrupto, por isso que não legalizam a droga da droga sacou?Isso é só uma indústria clandestina, não tão clandestina pq boa parte da sociedade já se tocou, os trafiquinhas são a base operacional, mão de obra, a parte da polícia corrupta são os intermediários, a parte tática, e os políticos sujos são a diretoria, o grupo estratégico, a sociedade, doente e consumidora de tranquilizantes por tanta desordem sustentam essa verminose crônica até morrer ou até acabar com essa doença. É isso!
diga não às drogas o/
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